quinta-feira, 15 de setembro de 2011

PM de SP faz manifestação e interrompe trânsito, mas não é reprimida com violência



Parece que os praças (soldados, cabos sargentos e subtenentes) da Polícia Militar do Estado de São Paulo resolveram acordar para a vida real e verdadeira. No último dia 12, saíram em passeata pedindo a aprovação da PEC 300 (cria um piso nacional a todas as polícias do Brasil) pela Av. Paulista e interromperam o trânsito, em pleno horário de pico, depois de uma passada na Alesp.

http://youtu.be/D50uyjdRZKg

Já não era sem tempo, visto a enganação de governos e comandos da qual são vítimas há décadas.
Se o praça saiu às ruas para reivindicar, o mesmo não acontece com o oficial, visto as facilidades com que goza dentro dos estados. São salários acima da lei para os membros da ativa, reserva e aos pensionistas, como divulgado por um jornal impresso relativo ao oficialato em São Paulo. Imunidades investigativas e impunidade para crimes praticados ajudam a compor esse rol macabro.
O governador soube do caso dos salários, mas colocou panos quentes, ou seja, os oficiais continuam a receber (ação na Justiça) e não devolverão o que foi pago a mais. Claro, o dinheiro público não é dele, não tem dono. Como ele poderia impedir que seus leões de chácara recebessem pelos "bons" serviços prestando/prestados durante a vida na caserna?

Mas não é a isso que quero me referir, pois já o fiz em matérias anteriores neste mesmo blog.
O que me chamou a atenção foi a passeata e o interrompimento do trânsito na Av. Paulista, em horário de pico, por parte daqueles que, em outras oportunidades, em greves de outros servidores, baixaram o pau nos manifestantes, cujo único objetivo é serem tratados em igualdade de condições aos demais servidores dos escalões superiores, principalmente salarial e nas condições de trabalho. Se há verba para reajustar salário dos superiores, por que não dar o mesmo tratamento a quem está mais abaixo na escala hierárquica?

A ordem para reprimir vem de cima?

Diante dessa situação extraordinária, pode-se inferir que a ordem para rechaçar com violência qualquer ato público reivindicatório de pessoas simples e humildes organizadas parte dos escalões superiores, ou seja, governos e comandos da PM, uma vez que os próprios praças resolveram sair da apatia para exigir que o governador do Estado cumpra com a sua obrigação ou mesmo a palavra empenhada.
O dissídio coletivo dos servidores públicos paulistas é no mês de março. Neste ano foi transferido para julho, que passou e nada se viu. A promessa, agora, é novembro.
Por outro lado, viu-se uma enxurrada de reajustes salariais para quem ocupa cargo de chefia (ou benesses inconfessáveis), eleitos, de livre provimento, "auxpones", etc.

PM está a serviço de quem?

Está mais claro do que a luz do dia que as PMs brasileiras estão a serviço de um pequeno grupo de pessoas que ainda são "donas" do Brasil. Isso inclui os governantes, os legisladores, o Judiciário, os empresários de alto padrão - os (tu)barões donos dos meios de comunicação e seus jornalistas também-, as pessoas que compõem um grupo diminuto e poderoso chamado pelo ex-governador, Cláudio Lembo, de elite branca. Tudo que possa interferir para pior na vida dessas pessoas especiais será rechaçado pelo estado, e com violência se preciso for, pela força estadual preventiva, a PM. O oficial, via de regra, não está na linha de frente da violência. Os praças, mediante ordem e imposição regulamentar militar, é que estão. Mas até a página dois. Se der problema (manchete na mídia), o praça segura o abacaxi e descasca. O praça ainda não percebeu a armadilha cruel.

E o conjunto da sociedade?

Para todo o conjunto da sociedade sobram o desprezo, o descaso, a omissão dos governos, a periferia, os míseros salários, as condições subhumanas de sobrevivência, porrada da PM, bombas de gás e efeito moral, choques e até morte. E não são os comandantes que vão massacrar a população, mas os praças. Os mesmos praças que estão inseridos nesse conjunto excluído do qual faz parte a imensa maioria de pessoas deste Brasil e que foram reinvindicar na Av. Paulista. Ao que se sabe, não foram recebidos ou dispersados com violência pelos colegas da PM.

Enganações e mentiras

Desde quando o PM ingressa na escola de formação, seja praça ou oficial, é dito que ele é um ser diferente das outras pessoas. Ao oficial é dito, à boca pequena, que ele é acionista (sócio) do estado e gozará de todos os privilégios que perduram há quase dois séculos: impunidade; imunidade investigativa por qualquer ato praticado ou mandado fazer; ganhos especiais, lícitos ou não, etc.
Já o praça é diferente porque deixou de ser um civil, um bandoleiro, um indisciplinado, etc. e que deve aprender os verdadeiros valores de um ser humano militar: nunca reclamar de nada e aceitar as ordens recebidas, sejam absurdas ou não. Se absurdas, cumpriu porque quis e será punido por isso.

Um sol de melhores dias que nasce?

Foi muito bom para o Brasil ver que os praças da PM realizaram aquilo que todo trabalhador - cerceado em seus direitos - faz. Sair às ruas para exigir o cumprimento da lei é a única forma de vê-la acontecer. Foi bom também para o praça sentir na pele o outro lado, o dos manifestantes. Ninguém vai às ruas reivindicar nada que não tenha direito, pois essa é a única maneira de se conquistar o que diz a lei.
Não se vê o poderoso dos três poderes ou da elite branca fazer greve nas ruas. O Judiciário, por exemplo, para os serviços no fóruns. Os legisladores aprovam salários exorbitantes deles próprios, dos chefes dos executivos e dos auxpones da assessoria. Os executivos reajustam salários de secretários. A elite branca, geralmente empresários, repassam no aumento de preços dos produtos ou serviços.
Foi muito melhor ver na passeata dos praças que existe a possibilidade de união reivindicatória destes com todos os trabalhadores brasileiros, pois, sem essa população a isonomia no tratamento e no atendimento das demandas salariais ou públicas jamais ocorrerá.
Praça da PM, sem povo, sem PEC 300.
Reflitam. Pensem. Não sejam teleguiados e usados. Quem os manda tem objetivos outros. Vocês são povo simples, humilde e com as mesmas necessidades da maioria da população. Diferente do povo "nobre e de sangue azul" ao qual pertencem seus comandantes, o governador... e a elite branca de Lembo.

sábado, 3 de setembro de 2011

O re-despertar de uma nova era no Brasil

Ora vivas! o PT despertou de seu sono letárgico e deslumbrado. Pensar que a mídia (porta voz da direita porque é a direita) vai tratar quem não tem sangue azul (nobre) com razoabilidade e sensatez é um sonho impossível de ser alcançado.



O 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores serviu para que o brasileiro olhe e entenda que não se permitirá que o Brasil volte para as mãos criminosas daqueles que, quando tiveram oportunidade, entregaram o Brasil e seu povo aos colonos estrangeiros, deixando-os em frangalhos e, em grande parcela, na miséria. Isso é uma injeção de ânimo na militância aguerrida, pois via-se e percebia-se nas conversas, principalmente na redes sociais, uma certa divisão de opinião entre essa militância sempre atuante.

A afinação do discurso da presidenta Dilma, Lula e PT sinaliza que tudo aquilo que a mídia despeja no noticiário sobre discórdia ou desavenças entre eles, como sempre foi, é e será, não passa de fantasia, cujo único objetivo é desestabilizar o governo e o país, sem se preocupar com os rumos que o Brasil pode tomar num cenário internacional nebuloso de crises econômicas e suas consequências terríveis para milhões de brasileiros (desemprego, desabastecimento, miséria, violência, etc). O que importa para os porta vozes da direita é a tomada do poder a qualquer preço por aqueles que quase destruíram o Brasil em oito anos, os integrantes do PSDB e auxiliares.

Colunas mestras

Pelo menos, dois importantes quesitos sociais foram mencionados no discurso do PT: a Comunicação/Educação e a Saúde (falta falar sobre a segurança pública, entregue nos estados, ainda, à linha que vê na ditadura um modelo ideal de governança... até endeusou-se a Redentora na PM de São Paulo recentemente).

A necessidade de um marco regulatório para a mídia e a democratização da comunicação foram citados diversas vezes pelos palestrantes, demonstrando que a iniciativa de Lula em realizar uma série de conferências nacionais sobre variados temas serão levados adiante pelo novo governo da presidenta Dilma.

Claro que isso não será fácil. Romper elos de um conservadorismo secular não será do dia para a noite e nem será realizado somente por integrantes do governo, políticos alinhados ou mesmo vontade política. A participação da militância ou mesmo de brasileiros preocupados com o Brasil será talvez a mais importante para a implementação dessas mudanças.

Outro ponto citado pela presidenta Dilma foi em relação à Saúde. Todos sabemnos que a Saúde e a Educação básica foram privatizadas no Brasil. O SUS e a escola pública padecem com o descaso dos governos estaduais e municipais porque existe uma pequena parcela de parasitas que vê nas escolas particulares e nos planos de saúde uma maneira simples e fácil de ganhar dinheiro, ignorando a vida e a necessidade de milhões de brasileiros. A presidenta foi enfática em dizer vai elevar a qualidade da saúde pública no Brasil

A Comissão da Verdade também foi enfatizada pela presidenta como uma das realizações de seu governo, pois está relacionada aos Direitos Humanos. A história precisa ser reparada e a verdade dos idos de 64 tem de chegar ao povo brasileiro.

Faltou falar alguma coisa mais contundente em relação à Segurança Pública.

Coincidências?

Notemos que a Educação, Saúde e Segurança Pública estão entregues a estados e municípios. Não funcionam, como todos nós sabemos. Lula tentou federalizar a educação durante o seu governo. Mas grita de governadores e prefeitos foi tamanha, aliado à falta de infromação verdadeira pela mídia tradicional, que a intenção foi abortada. Não que esses governantes estejam preocupados com a centralização, mas o montante de recursos envolvidos e transferidos para estados e municípios na educação é imenso. O governante pode desviar essa grana toda para onde quiser. E é o que acontece, infelizmente.

Na Saúde não é diferente. Se as escolas públicas tivessem qualidade, seria o fim da escolas particulares. O mesmo se pode dizer dos planos de saúde, caso haja uma meljhora sensível no SUS.

Na Segurança Pública é a mesma coisa. Entregue em boa medida às polícias militares, o policiamento realizado pela PM carrega uma dose excessiva de autoritarismo, fruto dos anos de chumbo tão tristes para nossa história e que permeia a relação governador-comando-policiais-povo.

Este blog tem se dedicado em mostrar os malefícios ao país em se ter uma polícia com doutrina, treinamento e modelo militarizado para tratar com civis, gente do povo. Se nem dentro da caserna, na interrelação entre os militares, há entendimento e respeito, dá para imaginar (e ver) como é essa relação com o cidadão. As ocorrências diárias de participação da PM pelo Brasil afora não deixam dúvidas.

O papel de cada um

Não só a militância mas o brasileiro de todas as camadas sociais têm de se engajar nessas mudanças imprescindíveis para um Brasil forte e democrático que se avizinham. Não adianta ficar em casa reclamando ou esbraguejando. É necessário que todos, unidos pelo Brasil, compareçam às manifestações de apoio a essas mudanças que virão por aí. O momento é esse. A ocasião não é para esperar acontecer. O momento pede para que se faça a hora.