quinta-feira, 28 de abril de 2011

Preocupação do comando da PM de SP é com carro de luxo

Mais uma vez o comando PM de SP dá mostras das suas reais preocupações, uma vez que comprou quase uma centena de carros de luxo descaracterizados (sem as cores da polícia) para serem usados por coronéis, constituindo-se num tapa na cara da sociedade que sofre com o aumento da violência e com as próprias agressões por parte da Polícia Militar aos cidadãos. O comando geral gastou R$ 2,8 milhões em uma Captiva (uso exclusivo) e 61 Vectras para os demais coronéis da corporação.


Executivos de Luxo

O comandante geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, defende-se da farra com o dinheiro do povo ao dizer que há mais de uma década os coronéis, que, segundo o oficial, são executivos do estado, não podem andar em viaturas e a toda hora serem parados para o atendimento de ocorrências. Ou seja, o comandante e a cúpula, mesmo sendo policiais militares, não querem andar nas ruas e serem incomodados pelo cidadão/vítima ou mesmo ter, por obrigação de ofício, de intervir em alguma ocorrência.


Serviços particulares e familiares

Por diversas vezes, viaturas da PM de uso exclusivo dos oficiais - não atendem ocorrência - foram flagradas em compras nos supermercados, na feira, no cabeleireiro com algum membro da família do oficial ou mesmo no petshop com o cãozinho do militar.  Mas, nessa situação, é fácil a fiscalização porque a viatura está com as cores da PM. De agora em diante, essa fiscalização estará comprometida, uma vez que o veículo (do) oficial vai estar misturado a outros carros nas ruas das cidades.


Quem são oficiais da PM

Em junho de 2008, o jornal O Estado de São Paulo veiculou a Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, cujas escutas telefônicas legais flagraram um coronel da reserva (aposentado) em conversa com cerca de dez oficiais da PM paulista sobre a segurança externa feita pela PM no prostíbulo WE, acusado de lavar dinheiro supostamente desviado do BNDES. Não só isso mas o prostíbulo ainda exportava mulheres para o sexo e estaria envolvido em tráfico de influência e corrupção.

Passados quase três anos, não houve investigação alguma e os envolvidos ocupam cargos de relevância na corporação, dentre eles, o coronel Camilo. Outros já teriam passado para a reserva remunerada - ocupam atualmente cargos nas subprefeituras da capital - sem terem sido investigados, exceto o coronel da reserva flagrado na escuta e chamado de lobista da quadrilha pela PF.


Impunidade

A ex-juíza do Tribunal de Justiça Militar, Roseane Pinheiro de Castro, foi aposentada por determinação judicial por Distúrbio Bi-Polar - sem ter sido examinada por nenhum psiquiatra ou mesmo um laudo fundamentado por especialista - por ter condenado um coronel tarado a sete anos de prisão. O caso teria acontecido em uma cidade do interior paulista e envolvia o coronel e uma policial feminina (soldado). Os oficiais que participaram do julgamento se negaram assinar a sentença, fazendo com que a então juíza mandasse o caso para outra vara. Está lá ainda sem resultado.

A juíza tenta reverter a aposentadoria através de recursos, desde 2005, mas não consegue em razão de decisões monocráticas do Tribunal de Justiça de São Paulo, embora o julgamento dos pedidos tenha de ser colegiado.

Antes da condenação do coronel, a juíza denunciou o machismo e o corporativismo da Polícia Militar. Acusou também a corporação de pedir para não condenar oficiais, chegando a sumir sentenças. A matéria foi noticiada pela revista IstoÉ, mas não ganhou o espaço que o caso merecia na mídia hegemônica.


Trevas do militarismo

Como um órgão que presta um serviço público importante à sociedade, a Polícia Militar é uma instituição nebulosa, fechada e não dá satisfação de seus atos a ninguém, exceto se por ordem judicial ou clamor público. Não permite nem que outros servidores militares (praças) tenham conhecimento real da instituição militar, cujos boletins internos são sigilosos, divididos por classe, oficial e praça, subdivididos dentro dessas duas divisões e envoltos em puro mistério. Por ser público, não deveria.

Por ser uma entidade de prestação de serviço público, deveria ser transparente e de acesso a todo o cidadão. Mas seus quartéis remontam aos tempos sombrios da ditadura militar, passando uma ideia de trevas, o que afastaria as pessoas. Isso aconteceria em razão do militarismo, um regime cruel e desumano que transforma o homem em um ente insensível ou em uma pessoa que tenha de reprimir os sentimentos.


A sociedade

À sociedade resta se indignar e cobrar do governador do estado ou da Assembleia Legislativa não só o repúdio mas alguma ação que reverta essa decisão do comando da PM, visto que o ano em vigência começou com uma série de cortes nas verbas públicas, inclusive em serviços sociais, e não é justo, moral e legal que uma instituição gaste vultosa soma de recursos públicos em desejos e sonhos de "executivos" do estado.

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