quinta-feira, 12 de maio de 2011

Manifestação de policiais por melhores salários: falta chamar o povo para se unir nas reivindicações


As dificuldades dos militares são as mesmas dos cidadãos civis

A mídia hegemônica tem, de forma tímida, veiculado notíciais sobre as manifestação de policiais militares e bombeiros militares por melhores salários e condições de trabalho pelo Brasil. Até a elitista Rede Globo divulgou. Mas falta um compenente essencial em todas essas manifestações: chamar o cidadão trabalhador e que enfrenta as mesmas dificuldades salariais e de trabalho.

Não interessa a ninguém que está no poder, que lida com o dinheiro público, pagar bem um policial ou mesmo um trabalhador de uma profissão humilde, mas tão importante quanto qualquer outra. Nem à mídia tradicional, que mais é porta voz dos pensamentos dos poderosos a veículos de informação preocupados com o bem estar de todos.

No Rio de Janeiro, PMs e Bombeiros têm se manifestado todas as semanas e em vários locais pelas mesmas exigências. De novo, falta-lhes pedir o comparecimento do cidadão. Assim tem sido em Alagoas, Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais, etc., exceto São Paulo. Esse é um caso à parte e será tratado mais abaixo.

Minas Gerais

Na tarde de ontem (11), tal qual aconteceu no mês passado, milhares de policiais foram às ruas de BH, em forma de manifestação, pressionar o governo tucano Anastasia a dar um piso salarial de R$ 4 mil ao mês. Isso não interessa nem a governos nem ao cidadão que vai pagar. Por quê? Os salários miseráveis dos profissionais de segurança pública (do baixo escalão) são históricos. Da mesma forma que a violência policial contra o cidadão atravessa quase dois séculos. Alguém estaria preocupado com uma vida digna aos policiais? A mesma pergunta serve ao policial quando vai reprimir os manifestantes do povo que vão às ruas exigir direitos e garantias.


Se os policiais ganham mal, os trabalhadores civis também
Quem lucra com isso são os governos e as almas sebosas que cumprem suas ordens, pois o cofre permanece abarrotado de dinheiro público e pronto para ser usado por todos eles, de forma lícita ou não.

Essa equação salarial só vai fechar a partir do momento que o policial do baixo escalão se unir ao povo e perceber que está sendo usado pelos poderosos em benefício de poucos. Do jeito que está, mantêm-se as desigualdades sócios, econômicas e culturais de milhões de brasileiros, gerando dificuldades enormes no desenvolvimento e crescimento dessa massa de vidas, incluídas as dos próprios policiais militares.

Essa aproximação com o cidadão deve partir de cada policial militar. É hora de esquecer bobagens históricas, mas que persistem no tempo, de que paisano bom é paisano morto. Ou ter sempre em mente que o policial militar também é povo, povão, trabalhador simples e humilde, massa excluída.

Na família e o no círculo de amigos dos policiais estão também os chamados "paisanos". São gente como a gente e que querem também espaço para ter uma vida digna e que lhe garanta a extensão desses benefícios aos seus filhos, parentes, etc.

Sem esse condicionante de nada valerá ir às ruas pressionar este ou aquele governo. Sem o povo ao seu lado os policiais serão coagidos - através do regulamento arcaico, desumano e cruel - pelos comandantes da PM, que pertencem ao seleto pequeno grupo que se beneficia do que produz o trabalhador.

Por isso, policiais, está na hora de ingressar no século XXI, jogando no lixo as doutrinas excludentes. Nas próximas manifestações, chamem o cidadão, levem o amigo, expliquem às pessoas o porquê da PM ser violenta e arbitrária contra o povão. Digam a eles que faz parte de um modelo secular de exclusão e que deve ser rompido por todos, policiais e povo. Deixem os poderosos rasgarem as calcinhas, como se diz na gíria. O mundo comporta a todos em iguais condições. Cada um deve receber por aquilo que produz ou faz. Não deixem que o cidadão seja excluído em um Brasil que cresce e se desenvolve, mas que ainda retém para poucos auto privilegiados a riqueza produzida. Não seja massa de manobra desse grupo, pois só temos a ganhar. Caso contrário, não se chegará a um denominador comum a todos.

Pensem nisso.

São Paulo

Aqui é que a coisa pega. Um estado conservador que, mesmo sofrendo, elege o PSDB e seus asseclas há quase 20 anos para os cargos de governo (os tucanos governam desde 95 e vão até 2014). Por estes serem contrários às mudanças desde a raiz, o povo acostumou-se com as dificuldades impostas por quem detém o poder. Sem reclamar. Abriga um grande número de meios de informação(?) conservadores que escondem ou supervalorizam, dependendo do interesse, fatos e notícias, privilegiando o que vem dos poderosos, pois pertencem ao mesmo clã.


Manifestação de trabalhador? A PM reprime com violência
Desse modo, seria impossível pensar em uma reação dos policiais militares a esse clã. Os PMs são maltratados e humilhados dentro dos quartéis, mas transferem toda essa gama de irritação adquirida nos maus tatos internos ao cidadão simples e humilde. Sempre foi assim. Mas espero que, pelo bem de todos, tenha um basta...
As últimas manifestações de servidores públicos foram marcadas pela violência extremada da PM. A mídia omitiu tudo. No máximo, joga a responsabilidade pelo confronto com os policiais nos manifestantes. Quem, em sã consciência, iria para cima de PMs armados com pistolas, escopeta, gás pimenta, tonfas, escudo balístico, etc.? Mas a mídia diz que os trabalhadores é que se insurgem contra os policiais. Falsidade da grossa.

Em 2008, houve o confronto entre policiais civis (em greve) e a tropa da PM, resultando inúmeros feridos. O comando da PM adorou as consequências: os policiais desuniram-se ainda mais. As investigações provaram que o confronto foi originado pela PM, claro. A mídia não divulgou porque não interessa a união e a organização dos trabalhadores. Tudo que puder ser feito para evitar essa ligação a mídia hegemônica vai fazer. O mesmo procedimento midiático acontece em relação aos servidores públicos. Sempre, na mídia, os trabalhadores civis irão para cima dos militares do estado - leões de chácara dos poderosos -, excusando a violência policial consequente.

Como por aqui no estado conservador as entidades de classe dos policiais militares inexistem, embora cobrem mensalidade de seus desinformados associados, não veremos essa mobilização tão cedo. A não ser que algo extraordinário ganhe forma. O PM paulista é medroso, conformado e passivo. Só é valentão contra o cidadão, pois sabe que nenhuma cobrança virá. Mata-se no perigoso serviço extra (bico). Estressa-se. Irrita-se. Desconta no povo simples, pobre, negro e das periferias.

Essas ações contra o cidadão pobre acirram ânimos e geram vinganças. Em 2006, em dois dias, mais de 50 policiais e agentes de segurança foram assassinados no estado. Poucos casos foram esclarecidos. Na outra ponta, centenas de mortes de civis sem esclarecimentos.

E assim segue a vida no estado paulista. Incrível, o cidadão (incluído o PM de baixo escalão) não percebe como é usado por poucos privilegiados. Até carro de luxo para deslocamento e outros benefícios o comando da PM consegue com o aval do governo e o silêncio midiático. Está claro o motivo.

Policial militar de baixo escalão, saia da caverna e venha ver a luz que existe foram dela. Tire a venda dos olhos e os tampões dos ouvidos. Você é povo simples, humilde e trabalhador. Você tem valor. Você é o ídolo de sua família. O serviço policial de qualidade é um ofício nobre. Faça com que o cidadão também o veja desse modo. Não deixe que esse grupo poderoso o faça de boneco mambembe, um teleguiado que não pensa. Venha ver a luz.

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