quinta-feira, 5 de maio de 2011

Policial: sem o povo não haverá mudanças nos salários ou nas condições de trabalho

Bem que nós tentamos sair da letargia e levar os policiais militares da Baixada Santista, bem como seus familiares ou simpatizantes da causa, às ruas para exigir respeito dos governantes do estado e da própria instituição Polícia Militar para com os PMs que trabalham nas ruas e até com próprio o cidadão simples. Não conseguimos.

Criamos um jornal impresso mensal - Jornal Percurso -, cujo custo para a impressão era rateado entre os próprios policiais militares de São Vicente e um ou outro de outras unidades - R$ 10 ou R$ 5 por mês. Nunca atingimos a quantia precisa, sempre faltava boa parte da verba necessária. Essa diferença era coberta por nós, com dinheiro próprio. Endividamo-nos muito. O jornal acabou no final de 2010.







Cheganos a ir para a Praça Coronel Lopes (do Correio), com as devidas notificações às autoridades locais, denunciar a violência policial e contra policial. Conseguimos um aparelho de som, microfone, confeccionamos faixas, cartazes, etc. Tudo ao nosso custo. Denunciamos que a violência policial tem origem dentro da própria instituição Polícia Militar no trato entre oficiais e praças, fruto de sistema arcaico, desumano e cruel que não foi vencido pela democratização do país, o MILITARISMO.


Convidamos, pessoalmente e até através das páginas do jornal, vários colegas reformados (aposentados), parentes de policiais, familiares, gente do povo, etc. Sem êxito. Um ou outro policial militar reformado apareceu, mas nunca passou de dois.

Fizemos essa manifestação por um mês (sempre as quartas-feiras, às 15 horas). Tivemos de abortá-la devido á fraca participação dos convidados, o que causou um tremendo desânimo, visto ter passado a sensação de que para os policiais e cidadãos estava tudo caminhando muito bem.

Mas não era bem assim. Bastava ir a qualquer quartel da PM ou mesmo encontrar os policiais nas ruas para ouvir reclamação. Abuso de autoridade por parte dos oficiais dentro dos quartéis, humilhações, arrogância, prepotência, desrespeito, ironia, sarcasmo, insensibilidade com as dificuldades de toda ordem, escalas extras em demasia, punições disciplinares por bobagens militaristas, falta de reajuste salarial e uma legislação que verse sobre condições de trabalho, etc. Não dava para a acreditar que ouvia tudo aquilo que nós denunciávamos no jornal e na praça.

As mesmas reclamações se ouvia dos cidadãos no tocante à violência policial ou mesmo a falta de respeito dos milicianos no momento das abordagens, sempre pessoas humildes e moradores das periferias. Mas de nada adiantava convidá-los a comparecer na praça.

Pelos estados

Algo semelhante na busca por melhores salários e condições de trabalho, em manifestações e passeatas, tem acontecido em vários estados da federação. Minas Gerais, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, Santa Catarina, Tocantins, Roraima, etc. Em todos eles falta o principal ingrediente: o cidadão. Sem esse cidadão nada mudará e nada se conseguirá. Por que o cidadão ira se preocupar com uma categoria que lhe maltrata nas ruas? Por que o cidadão vai participar de manifestações e passeatas por reajustes salariais ou melhores condiçoes de trabalho se o policial militar o humilha, maltrata e até desdenha nas ruas?





Militarismo nas polícias estaduais

Não é possível que uma força policial, que atue por dever de ofício no trato com civis, seja militarizada. No militarismo não existe respeito, mas a imposição deste do subordinado para com o superior. A recíproca não virá. O subordinado militar será sempre visto com um ignorante, um suspeito em potencial pronto a praticar algum delito ou deslize. O que faz o policial militar? Vai às ruas e trata o cidadão simples e humilde da mesma forma que é tratado: como um subordinado, um inferior, devendo este mesmo cidadão prestar respeito ao policial (superior). Diferente do cidadão investido de poder ou influência. Nesse casso o policial o verá como um supeior e lhe renderá obediência. O anacrõnico chavão de que paisano bom é paisano morto, nesse caso, não é aceito.

No filme "Tropa de Elite 2" há referência a uma situação que explica bem esse conceito. "Pode atirar que aí só tem pobre (periferias e favelas). Ninguém vai falar nada". Se não são estas as exatas palavras, não foge muito disto.

Desde a década de 60 que se tenta desmilitarizar as polícias militares. Jânio Quadros tentou, quando era presidente. Quando governador, Mário Covas tentou. A Constituição Federal, que poderia conter em suas páginas a entrada das polícias militares no regime democrático que nascia, não conseguiu.

Há um lobby daqueles que querem manter as polícias militares do jeito que estão, ou seja, violenta, arbitrária, omissa em certos casos e que trate o cidadão simples com um "ninguém". Faz parte da política de desigualdade e descaso que se mantém no Brasil ainda, infelizmente. O lobby dos oficiais também é forte e conta com o apoio de uma seita secular secreta, causando muitos obstáculos à adequação das PMs à democracia. Ninguém mexe com o modelo arcaico da PM. Por quê? Resposta fácil.

PEC 300

Tramitou na Cãmara Federal em 2010 uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC 300) de isonomia salarial para todas as polícias brasileiras (civil e militar). Depois da aprovação em primeiro turno (seriam necessários dois turnos), a proposta foi bombardeada por todos os lados até ser descaracterizada na sua originalidade. Se antes previa-se um salário mínimo para todas, na Emenda Aglutinativa 2, em que se transformou a PEC 300, esse valor desapareceu, bem como o tempo de aplicação da lei em caso de aprovação.


De nada adiantaram as manifestações e comparecimentos a Brasília de uma legião de policiais civis e militares com o intuito de pressionar os parlamentares. A mídia não deu espaço nem mostrou imagens dos cerca de 10 mil policiais-manifestantes na capital federal em várias ocasiões. Os governadores, principalmente do PSDB, DEM e PPS, pressionaram os deputados para que não fosse aprovada a medida. O então governador de São Paulo, o tucano José Serra, ameaçou cortar das entidades de classe a mensalidade que os policiais pagam, caso estas se envolvessem em qualquer ato pela aprovação da PEC 300. E elas se calaram e preferiram a vergonhosa omissão.

Falta o povo

Não haverá aumento salarial nenhum nem melhores condições de trabalho aos profissionais da segurança pública se não envolver o povo nessas solicitações. As policias precisam se integrar á sociedade trabalhadora e humilde para conseguir seu intento. Sem essa participação popular nas reivindicações, contrariando tudo que querem governos insensíveis e oficiais da PM, não se chegará a canto nenhum. Os policiais continuarão ganhando pouco, serão obrigados a se desgastar nos perigosos "bicos" de segurança privada e continuarão descontando toda essa frustração sobre o cidadão mais humilde, cujos riscos de prisão no presídio militar Romão Gomes e a demissão das fileiras da corporação são os únicos caminhos possíveis e que faltamente serao atingidos.


O policial, contrariando o que querem comandos e governos omissos, tem de saber que também é cidadão e faz parte da sociedade de um país injusto e desigual, cujas ações policiais da quais participam, quase todas de repressão às manifestações populares de reivindicação aos direitos sonegados, ajudam a perpetuar essas desigualdades e injustiças e das quais também são eles, policiais, atingidos e prejudicados.

Se a grande mídia é omissa e serve de voz aos governos e comandantes de unidade, hoje, podemos utilizar a internet. Blogs e redes sociais têm um trabalho de conscientização e desmascaramento daquilo que é enfiado goela abaixo da população pela mídia convencional e que, óbvio, interessa a esse pequeno grupo insensível.

Enfim, assistindo a todas essas manifestações de policiais militares pelo Brasil, fico com a sensação de que algo está mudando, embora não em todos os estados - falta São Paulo -, mas de forma tímida. E essa timidez é facilmente percebida: falta a participação do povo. Sem ele nada vai ser melhorado, nada vai mudar.

O policial é um cidadão que vive no mesmo bairro, na mesma cidade, no mesmo estado e no mesmo país de 190 milhões de brasileiros. Ele não é um alienígena que desce à Terra para trabalhar e vai embora para o seu planeta. Ele sofre as mesmas agruras que um pai de família - que é - no tocante às responsabilidades sociais, econômicas e culturais de seus filhos.

Não se vê as autoridades ou oficiais da PM morando em favelas, cortiços ou periferias fedorentas. Eles não andam no precário transporte coletivo das cidades; não tem suas casas invadidas pelas águas de alagamentos e enchentes; não tem esgoto a céu aberto nas suas portas. Não entram nas filas dos hospitais, dos bancos ou dos supermecados. Não têm filhos nas precaríssimas escolas públicas. E quem paga tudo isso a eles? Sim, nós mesmos, policiais (praças) e cidadãos.

Internet, blogs e redes sociais

A internet permitiu que a revolução árabe no oriente ganhasse força e se organizasse. Mesmo tendo à mão as emissoras de rádio e tv e jornalões impressos e revistões os governos não conseguiram evitar que os povos desses países se mobilizassem através da rede mundial de computadores. Orkut, Facebook, Twitter, entre outros, foram utilizados pelo povo para enfrentar os ditadores ou omissos governantes, rompendo as notíciais mentirosas e que pregavam a desmobilização dos movimentos pela grande mídia. Essa mesma mídia que, no Brasil, serve de desestímulo à luta das classes sociais e movimentos populares por direitos e garantias que lhes são negadas, pois representam e divulgam apenas o que interessa aos governos omissos e incompetentes.

Tanto é verdade que alguns países, dentre eles o Brasil através de parlamentares do PSDB, DEM, PPS e outros da mesma direita, querem controlar o tráfego de informações na rede. As emissoras de tv e a grande mídia em geral, em conluio com essa politicalha, agora, fala que o grupo terrorista Al Qaeda estaria recrutando membros via internet. E não ficam nem vermelhos de tanta mentira que divulgam.

Claro que a internet rompeu com o círculo noticioso da grande mídia e a fez cair no ridículo. Fatos veiculados com verdades absolutas antes da internet - na tv, rádio, jornal ou revista do conglomerado midiático - são desmascarados em poucas horas nos blogs ou redes sociais. isso não interessa a quem está no poder e é omisso, incompentente ou insensível.

Ao policial civil e militar

Policiais, saíam do lugar comum. Organizem-se, unam-se ao povo nas suas reivindicações. Nas futuras reuniões, manifestações ou passeatas chamem o cidadão. Se cada policial levar um amigo a esses encontros, seremos milhares. Estaremos unidos e coesos na busca de melhorias para todos, seja na forma de salários e condições de trabalho, seja no atendimento de qualidade à sociedade e mesmo no entendimento das reivindicações por parte dos cidadãos na busca por seus direitos e garantias sonegadas na forma de manifestações e passeatas. Vamos deixar de reprimir com violência esses nossos irmãos e amigos brasileiros: eles lutam por melhorias iguais a vocês


É preciso haver a integração/interação da polícia com o povo

Policiais de São Paulo, saíam da inércia. Deixem as rusgas históricas de lado. Isso só interessa aos governos tucanos e omissos e aos oficiais da PM. Eles somam 5% no conjunto. Unam-se entre si e liguem-se ao cidadão. Afinal, será ele, em grande parte, quem pagará o reajuste salarial a ser conquistado. Por outro lado, você também entenderá por que ele, cidadão organizado, movimento social ou entidade de classe, vai às ruas exigir que seus direitos também sejam respeitados.

O Brasil só tem a ganhar com isso.

Abram a mente e desarmem o coração.

4 comentários:

  1. Parabens, voce nunca desiste , isso tudo ai que esta escrito é verdade. O homem busca mudança pessoal, de duas formas , pelo amor e dor,Os pms estão sofrendo calados , temos que romper essa barreira psicológica. Um abraço. Alessander

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  2. Bom dia, os policiais em São Vicente -S.P que estão doentes (restrição) não conseguem tratamento , o Cmt Mila, falou em reunião que eles são um bando de podre, mentirosos, enrolões.Cade os direitos Humanos, tem que denunciar.Esposa de pm.

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  3. Amigo, meu irmão é policial militar aqui no 39ºBPM-I, ele tem problemas serio de saúde comprovado por exames, e o major Mila,disse que ele não quer trabalhar.Esse cara é um ditador barato.

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  4. Senhores , na policia de São Paulo, quando o pm esta afastado por motivo de doença o seu salário que ja é baixo, fica reduzido a 40 por cento, no momento que o pm mais necessita, para comprar remédio,o estado retira essa grana. No INSS o empregado ganha 40 por cento de auxilio Doença, para ajuda-lo. Estamos sendo roubados.

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